segunda-feira, 16 de março de 2015

Correio Popular, Campinas

DIA D

Especialistas são céticos quanto a mudanças

Especialistas estão céticos sobre a possibilidade da presidente rever seu pacote econômico e adotar políticas que possam reduzir as despesas do brasileiro

15/03/2015 - 05h00 - Atualizado em 13/03/2015 - 22h52 | Milene Moreto
milene@rac.com.br

Foto: Divulgação/ Unicamp
O professor de ética da Unicamp, Roberto Romano: "Dilma não tem vocação para política e não sabe dialogar"
O professor de ética da Unicamp, Roberto Romano: "Dilma não tem vocação para política e não sabe dialogar"
As dúvidas que ainda pairam sobre a força do protesto anti-Dilma terminam neste domingo (15), mas mesmo que uma multidão vá às ruas por mudanças, especialistas estão céticos sobre a possibilidade da presidente rever seu pacote econômico e adotar políticas que possam reduzir as despesas do brasileiro ou melhorar a condição de vida da população de forma efetiva.

O cientista político da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Plínio Dentzien, afirmou que a petista pode até se sentir pressionada, mas se ela até agora não alterou sua política, dificilmente fará isso movida pelas manifestações.

Para ele, a crise não é passageira e um indício disso é a entrega da economia para o ministro Joaquim Levy, um homem do mercado. “A presidente demorou para tomar essas medidas. Inclusive, o Lula queria mudar o rumo da economia faz tempo. É muito difícil entender a Dilma. A negação dela é um sintoma muito difícil”, afirmou o cientista político.

Uma das críticas feitas ao governo da presidente tem relação com sua equipe. Os nomes mais próximos a ela não possuem bons diálogos com aliados no Congresso e com o mercado. Um deles é o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante. “Ela está sendo muito mal assessorada. O Mercadante não coordena nada e ninguém o leva a sério. A começar pelo Lula”, disse Dentizien.

Articulação
Em 2013, quando as manifestações tomaram as ruas em todo o País, os políticos recuaram em várias medidas que estavam sendo estudadas, como a redução do poder de investigação do Ministério Público, por exemplo. Na época, a presidente prometeu várias mudanças, entre elas o combate à corrupção.
 
“Desde então a situação só piorou. Logo depois de ter vencido, Dilma declarou que estaria aberta ao diálogo com a Nação. Uma semana depois acabou tudo isso”, afirmou o professor de ética da Unicamp Roberto Romano.

Para Romano, Dilma depende de boas estratégias de marketing, não tem vocação para a política e não está acostumada ao diálogo. O professor afirma que para agravar ainda mais a situação a presidente escolhe os piores articuladores. “Ela está sempre cercada de gente desastrada”, disse.