sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O velho IBGE faleceu há tempos, faltava sepultar o corpo apodrecido. Agora, teremos a cerimônia funebre, entoada pelo governo. Condolências!

IBGE corrige Pnad 2013 e diz que desigualdade registrou leve queda

O Estado de S. Paulo
19 Setembro 2014 | 18h 17

Ao contrário dos resultados apresentados na véspera, o índice de Gini, que mede a concentração de renda, caiu de 2012 para 2013, indicando uma leve melhora na desigualdade

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta sexta-feira, 19, que a  Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), referente ao ano de 2013, apresentada na quinta, continha erros extremamente graves. Ao contrário da leve piora da desigualdade verificada na pesquisa divulgada na quinta, o índice de Gini, que mede a concentração de renda, caiu de 2012 para 2013.

O Gini medido pela renda do trabalho recuou de 0,496 para 0,495 - antes, a Pnad apontava alta para 0,498. Já o Gini que considera todas as rendas recuou de 0,504 para 0,501 (o dado anterior mostrava avanço para 0,505). Em outras palavras, houve desconcentração de renda em 2013, ainda que pequena, segundo Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. Segundo ele, a falha foi humana. "Quando a pessoa foi selecionar a planilha, selecionou a errada", disse.

Segundo o órgão, as alterações ocorreram em sete Estados: Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. "A pesquisa continha erros extremamente graves. Nos cabe pedir desculpas a toda sociedade brasileira", disse a presidente do instituto, Wasmália Bivar. Questionado, o diretor de pesquisa do IBGE, Roberto Olinto, negou interferência política para a correção dos dados. Para Olinto, "seria surrealista você divulgar um dado para depois corrigi-lo sob pressão."

Em nota, o órgão diz que os erros ocorreram no processo de expansão da amostra da Pnad. "A Pnad é uma pesquisa por amostragem probabilística, deste modo, para a geração dos resultados, é necessário definir fatores de expansão ou pesos que são associados a cada unidade selecionada para a amostra", diz o texto.

O IBGE ainda corrigiu outras informações da pesquisa. O rendimento mensal do trabalho, por exemplo, foi reduzido de R$ 1.681 para R$ 1.651. Já a taxa de analfabetismo também foi corrigida e subiu de 8,3% para 8,5%.

Ipea. Em abril deste ano, a correção de outra pesquisa nacional também causou grande repercussão no País. O dado mais comentado de um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre a violência contra as mulheres estava errado e foi corrigido.

Uma semana após a divulgação do estudo levar a uma avalanche de reações desde a presidente Dilma Rousseff até a funkeira Valesca Popozuda, o órgão informou que 26% dos brasileiros, e não 65%, concordam, total ou parcialmente, com a afirmação de que "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas". O Ipea publicou uma errata, e o diretor do Departamento de Estudos e Políticas Sociais, Rafael Osório, pediu exoneração.

Veja abaixo a nota do IBGE:

"O IBGE vem a público, por meio desta nota, informar que foram verificados erros nos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2013, após a sua divulgação, ontem (18/09/2014).

Os erros ocorreram no processo de expansão da amostra da PNAD 2013, o que provocou alterações nos resultados de sete estados: Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.

A PNAD é uma pesquisa por amostragem probabilística, deste modo, para a geração dos resultados, é necessário definir fatores de expansão ou pesos que são associados a cada unidade selecionada para a amostra (domicílios e seus moradores).

Estes pesos são obtidos através do plano amostral da pesquisa, que leva em conta as probabilidades de seleção dos municípios, setores e domicílios da amostra e são calibrados pelo total populacional oriundos da projeção de população nos diferentes níveis geográficos de divulgação.

A PNAD divulga resultados para cada Unidade da Federação (UF) e para nove Regiões Metropolitanas, a saber, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Nas UFs dessas nove Regiões Metropolitanas, a calibração é feita considerando a projeção de população para a Região Metropolitana da capital e para o restante da UF, separadamente.

No Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul existem outras Regiões Metropolitanas, além daquelas que contêm os municípios das capitais.

No processo de expansão da amostra da PNAD 2013, foi utilizada, equivocadamente, a projeção de população referente a todas as áreas metropolitanas em vez da projeção de população da Região Metropolitana na qual está inserida a capital.

Ao constatar esse erro o IBGE tomou imediatamente as seguintes providências: recalculou os novos fatores de expansão; as estimativas de indicadores; e refez o plano tabular, com suas respectivas precisões.

Os resultados da PNAD 2013 e os microdados referentes às variáveis dos pesos foram substituídos e estão disponíveis no portal do IBGE na internet."