quarta-feira, 5 de março de 2014

Folha de São Paulo. A primeira vez que ouvi falar em "vinho elegante" foi no DOM, lugar a que fui contra a minha vontade, dado conhecer a fama de lobista de si mesmo do seu proprietário. O atendimento foi péssimo, a "comida"abaixo da média, a arrogância dos funcionários, dada a fama do proprietário, inaudita, mesmo para os horríveis padrões brasileiros. Enfim, uma experiência ruim. Quando foi solicitado em minha mesa, pela pessoa que me convidou, o vinho, a senhora argentina que nos "atendia", ao ser-lhe pedida opinião sobre a qualidade do que estava dentro da garrafa, disse em tom condescendente : " é um vinho elegante". Desde então, esperava que a tolice um dia estourasse na mídia, a cúmplice dos chefes ditadores e ridículos que mandam como Papa Doc nos infelizes que deixam fortunas em suas mãos. Se existe CPI urgente, é a das relações entre jornalistas e donos de restaurantes. Desde que elevados às categorias de "melhores do MUNDO"(!), os preços de suas casas sobem, a qualidade e quantidade das comidas descem. Os serviços pioram, a grosseria impera. Enfim, a tolice invade o planeta, tendo como vanguarda jornalistas e donos de restaurante. Não coloquei mais os pés na armadilha, e cuido muito de não entrar em casas que têm como propagandistas os arrogantes da imprensa. Mas vinho "elegante"é o fim da picada!

Vinhos
O prazer de beber sem altas viagens
Merlot elegante

Produtores de todo o mundo vêm percebendo o potencial da uva merlot na produção de vinhos elegantes
 
ALEXANDRA CORVO
Há aproximadamente um ano, escrevi uma coluna também sobre a uva merlot. À época, discorria sobre sua capacidade de resultar em vinhos concentrados e expressivos e que, ao contrário do que estamos acostumados a pensar, isso não era exatamente sinônimo de vinho leve. 

Hoje, no entanto, exalto o contrário: tenho encontrado cada vez mais estilos leves e elegantes de merlot, representando lindas expressões da uva e de diferentes origens. 

Na última década, a merlot perdeu espaço nos EUA, um dos maiores mercados do planeta. Aos poucos, porém, produtores no mundo todo redescobrem seu potencial para vinhos elegantes. Ela não tem problemas de amadurecimento como a cabernet sauvignon, sua prima mais famosa, que precisa de verões bem quentes. 

Apesar de a merlot resultar em vinhos concentrados e ricos em regiões mais quentes, ela amadurece bem em climas mais frescos. 

Encontrei excelentes exemplares de zonas frescas entre alguns dos vinhos degustados, por exemplo, do Columbia Valley, no Estado de Washington (EUA), do Friuli, no norte da Itália, ou ainda um da Nova Zelândia (que, apesar da qualidade, não entrou na minha seleção). Em todos está bem impresso o estilo ao qual me refiro hoje: menos encorpado, mas não menos sério ou intenso. 

O exemplar francês é feito com merlot de várias regiões, extremamente frutado, de prazer imediato.
Talvez o mais diferente seja o australiano, pela fruta madura no nariz, num estilo característico daquele país. Mesmo assim, tem uma leveza de fruta preta madura. 

Facetas diferentes de uma mesma uva, com elementos de delicadeza em comum. 

HOUSE OF INDEPENDENT PRODUCERS (HIP) MERLOT 2010
ORIGEM Columbia Valley (EUA)
Elegantíssimo, com aromas de fruta, canela, cedro e grafite muito fundidos. Boca cheia, firma e intensa
QUANTO R$ 105,34
ONDE Mistral (tel. 11/3372-3400)
LE PETIT PANIER MERLOT 2012
ORIGEM Vin de France (França)
Delicado, lembra groselha. Na boca é leve e fácil, com ótima fruta
QUANTO R$ 45
ONDE Vinica (tel. 11/4221-9107)
HARDYS NOTTAGE HILL MERLOT 2012
ORIGEM Austrália
Estilo mais intenso. Lembra fruta vermelha madura e chocolate com menta. Na boca é frutado e cremoso
QUANTO R$ 66
ONDE wine.com.br
MANIAGO MERLOT 2010
ORIGEM Friuli (Itália)
Um toque floral, pouca fruta, algo de terra. Na boca é fresco, picante, com um final terroso
QUANTO R$ 64
ONDE Vinci (tel. 11/3130-4500)