segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Jornal da Unicamp.

Maioria dos homens gostaria
que a namorada dividisse a conta

O estudo foi realizado nos Estados Unidos, mas o resultado talvez não fosse muito diferente se a amostra tivesse sido composta por brasileiros: de acordo com pesquisa apresentada na reunião anual da Associação Americana de Sociologia, 64% dos homens gostariam que suas namoradas se oferecessem para dividir a conta num jantar. Das mulheres, 57% disseram que se oferecem para pagar, mas dessas, 39% fazem a oferta esperando que o homem vá recusá-la.

Os autores, David Frederick, da Universidade Chapman, Janet Lever, da Universidade Estadual da Califórnia, e Rosanna Hertz, do Wellesley College, conduziram a pesquisa entre 17 mil respondentes. Outros dados levantados mostram que 44% dos homens deixariam de namorar uma mulher que nuca se oferece para dividir a conta, embora 76% dissessem se sentir culpados em aceitar dinheiro da namorada.

No geral, a disposição das mulheres em compartilhar despesas aumenta com o tempo de relacionamento: apenas 40% das pessoas entrevistadas disseram que as contas de jantar eram divididas no primeiro mês, mas 74% dos homens e 83% das mulheres disseram dividir os gastos depois de seis meses.

Até a qualidade da música
é julgada com os olhos

O pesquisador Chia-Jung Tsi, do University College London, pediu a voluntários – incluindo músicos experientes e iniciantes – que avaliassem as performances dos finalistas de dez importantes concursos internacionais de música erudita, e tentassem adivinhar quais tinham sido os ganhadores. Para tanto, foram apresentados ou clipes de vídeo contendo trechos de som e áudio de cada performance, ou apenas o áudio, sem imagens, ou apenas o vídeo, sem a trilha sonora.

Todos os participantes declararam que o som seria a parte mais importante da avaliação, mas no fim, a maior proporção de palpites corretos veio, tanto no caso dos especialistas quando dos iniciantes, das pessoas que assistiram apenas ao vídeo mudo – sem áudio.

“Este conjunto (...) de experimentos sugere que o juízo dos novatos espelha o dos profissionais; tanto novatos quanto especialistas julgam a performance musical de modo rápido e automático, com base em informação visual”, escreve o autor, em artigo publicado no periódico PNAS. Ele acrescenta que o resultado tem “significado prático estatístico”, apontando para uma primazia das preferências visuais “mesmo nos níveis mais elevados de perícia musical”.

Chia-Jung especula que a primazia do visual pode ter surgido na evolução da espécie por boas razões, mas que “quando essas decisões envolvem outras informações com mais poder de prever desempenho, seja na contratação de funcionários, em consultas médicas ou na escolha de líderes políticos, temos de tomar cuidado com nossa tendência de confiar na informação visual, com o sacrifício outros conteúdos mais relevantes”.

Mais antigos artefatos de
ferro nasceram no espaço

Nove pequenos cilindros de ferro, usados como joias no antigo Egito há mais de 5 mil anos – cerca de 2 milênios antes que a tecnologia para fundir o metal fosse desenvolvida – tiveram origem no espaço: foram feitos de material que chegou à Terra em meteoritos.

Atualmente em exibição no Museu Petrie, do University College London (UCL), os cilindros foram produzidos da seguinte forma: fragmentos de metal foram martelados até se reduzirem a folhas delgadas, que então foram enroladas para dar forma às contas que, depois, acabaram usadas como parte de um colar que apresentava também pedaços de ouro e pedras preciosas.

A origem meteorítica das contas de ferro, descobertas numa escavação em 1911, foi determinada por uma equipe liderada pelo arqueólogo Thilo Rehren, do UCL Qatar, um campus avançado da instituição britânica no Oriente Médio, e apresentada em artigo publicado no periódico Journal of Archaeological Science. As joias estavam numa tumba de 5.200 anos atrás.

Em nota distribuída pela universidade, Rehren diz que o resultado mostra que os metalurgistas da época já sabiam como trabalhar o ferro meteorítico, composto de uma liga de ferro e níquel muito mais dura que o cobre, o metal mais comum da época. Isso sugere que, quando o ferro finalmente passou a ser fundido, milênios depois, já havia uma boa experiência acumulada sobre como lidar com o metal.

A equipe de Rehren usou feixes de raios-X, nêutrons e raios gama para analisar em detalhe os cilindros, e determinou que eles continham, além de ferro e níquel, altas concentrações de cobalto, fósforo e germânio, em quantidades características do ferro vindo de meteoritos. Essa mesma análise permitiu que os pesquisadores vissem a estrutura interna dos cilindros, descobrindo que haviam sido produzidos a partir de folhas de ferro enroladas.