sábado, 24 de agosto de 2013

Um desafio à ética e à justiça

Alguns bemóis éticos à guerra encetada a propósito dos médicos estrangeiros.

1) Vamos partir da nossa realidade. Os esculápios formados pelos universidades públicas brasileiras, sem nada pagar, quanto devolvem aos que têm seus bolsos espoliados por pesadíssimos impostos?

2) Quantos deles se dispõem de fato a ficar um tempo no atendimento ao povo que pagou seus estudos numa cidade do interior pobre?

3) É fato: eles se formam, muitas vezes vão à Europa e EUA para "aperfeiçoamento"pago pelo governo brasileiro. Quando voltam, se instalam e consultórios caros e refinados, cobram no mínimo 600 reais por consulta, e exigem "apresentação", pelo cliente,  de colegas. Procedimento pouco ético, diga-se.

4) Em hospitais refinados onde trabalham, clientes conveniados têm consultas marcadas para meses depois, mas os "particulares" são atendidos incontinenti.

5) É justo? É correto? É democrático ? Vejamos bem: quem paga a formação daqueles profissionais é escravizado nas filas, sem atendimento, onde não raro morre por recusa de ajuda. Não vejo ninguém, da direita fanática brasileira, questionar este lado da questão. 

6) Se o governo cubano pagou pela formação dos seus médicos, estes últimos devem ressarcir o seu formador. Trata-se de uma questão de justiça. Se o governo cubano exagera na dose, cabe aos governos que recebem os profissionais exigir tratamento pecuniário melhor para eles. Agora, não vejo como um ressarcimento deva ser posto na categoria de "escravismo". 

7) Critico e combato o governo brasileiro desde longa data. Justo por tal motivo, recebo catadupas de insultos dos idiotas que o apoiam sempre, de modo incondicional, seja ele lulista, tucano, etc. Mas nada vejo no atual debate sobre os médicos que justifique os ataques raivosos sobre a vinda dos cubanos, espanhóis, argentinos, etc.

8) Se os médicos formados pelas universidades públicas brasileiras tivessem senso de justiça e dever, não haveria necessidade de nenhum médico estrangeiro. Mas eles, como os empresários daqui, só desejam mamar nas tetas do governo e sugar  o sangue dos que pagam impostos. 

9) Se existem os que não agem assim, elas são raros como a verdade na boca dos políticos e marqueteiros. 

10) Seria bom, antes de propagar ódios e palavras de ordem preconceituosas, pensar um pouco com o cérebro e com o coração. 

Dixi et salvavi animam meam

Roberto Romano da Silva