sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Os azedos bárbaros.

Do recem empossado Diretor do IFCH/Unicamp, o e mail abaixo. Minha tese é conhecida desde longa data: em vez de abrigar bandidos fascistas da classe média ordinária, que não se comovem com a destruição feita por eles nos próprios pagos pelo povo, eu prefiro que o campus seja frequentado pelos jovens do MST. Explico: quando havia um convênio entre MST e Unicamp, as meninas e meninos do MST que assistiam cursos na Engenharia de Alimentos, Educação, etc. para PAGAR o que recebiam de graça, ajardinavam os prédios, pintavam as paredes pixadas pelos seus colegas fascistas, etc. Foi um equívoco acabar com o convênio, da parte da Unicamp. Os jovens do MST faziam as melhorias no campus de modo espontâneo, apenas porque julgavam não ser certo deixar de retribuir ao povo. É triste para mim, na véspera da aposentadoria, constatar que a classe média, imaginariamente de esquerda, pratica as mesmas barbáries da direita mais rançosa, dilapidando patrimônio pago com impostos elevados, extraídos dos lombos do povo paulista. Também sinto vergonha, e medo, diante do fascismo. Roberto Romano

-

Foto de parte da Biblioteca do IFCH, que adquiriu quantidade inédita de livros nos últimos anos. Os nazistas queimaram livros, os fascistas festeiros atacam bibliotecas. Mundo terrível o nosso!




2012/12/7 John M. Monteiro :
Caros Membros da Comunidade do IFCH:
Queria saudá-los com notícias mais alentadoras mas não posso deixar de trazer para a atenção de toda a comunidade a minha consternação com mais um ato de vandalismo. Ontem o IFCH amanheceu manchado. Pela segunda vez desde a conclusão do novo prédio da Biblioteca e mais uma vez no contexto de uma festa realizada nas dependências do Instituto, a grande superfície branca e limpa do novo prédio foi atraente demais para as pessoas que trouxeram tinta e deixaram a sua marca (veja as capturas em anexo). É impossível saber quem fez ou quais foram as suas motivações, mas as inscrições dão margem para especulação. Não se sabe, por exemplo, se as frases foram escritas em inglês para o benefício dos nossos visitantes estrangeiros ou se os autores já aderiram, por antecipação, ao movimento de adotar esse idioma na sala de aula e na elaboração de teses, como nas outras grandes universidades do  mundo.

Mas não é nada disso. É muito pior. A primeira frase, à esquerda,  simplesmente copia a letra de uma música do Pink Floyd. Consegue, de uma só  vez, cometer duas transgressões que gostaria de ver eliminadas do nosso  meio: o plágio, que não pára de crescer, e o desrespeito ao patrimônio  público que é de todos nós. A frase à direita requer mais cuidado, talvez. O  autor nos lança um desafio, ao pleitear o estatuto de arte para a sua  garatuja e ao assinar a obra. Queria que este artista, ao invés de agir no  calor da festa ou na calada da noite, defendesse publicamente a sua obra e  sua mensagem. Quem sabe a maioria de nós aprovaria esta forma de adornar o  espaço público. Nesse caso, deixaria de me queixar.  Falando sério, gente, isso tem que parar. 
Esta é uma universidade pública e  é a responsabilidade de todos nós – administradores, docentes, funcionários e alunos – zelar por sua integridade, sua conservação, seu aprimoramento. Ao  ver a nova biblioteca, que deveria ser o orgulho de todos nós, maculada, confesso que não senti raiva, nem fiquei com vontade de punir o responsável.  Senti vergonha e senti que todos nós somos responsáveis de uma maneira ou  outra. Senti vergonha porque o nosso instituto reúne um grande contingente  de pessoas cujas pesquisas e ensinamentos ajudam a entender o que é arte, o  que é vandalismo, o que é liberdade de expressão, o que é espaço público, o  que é cidadania, entre tantas outras coisas que sinalizam o quanto este tipo  de atitude é agressivo, desrespeitoso, inaceitável. Espero que na próxima  festa tanto os anfitriões quanto os convidados reconheçam que não estão numa  terra de ninguém e sim estão em casa, a casa de todos nós.
 
Saudações a todos,
 John Monteiro