quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Marta Bellini.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Um buracão ronda a Universidade Estadual de Maringá....

Modernidade na Má-ringá é um giro para trás fingindo que se anda para frente. Na frente estaria o futuro. Futuro da sustentabilidade, de cidades com menos carros e mais metrôs, mais ônibus, mais bicicletas. No lugar do futuro, na Má-ringa, temos a onda verde (semáforos sincronizados para dar vazão aos carros), ciclovias que funcionam meia boca, o tal do centro novo da cidade que virou um centro de espigões cuja densidade populacional aumenta (e que tínhamos um projeto de Oscar Niemeyer, hoje no lixo), árvores cortadas sobretudo na frente de lojas de empresários amigos... 
Depois de tornar Maringá na Má-ringa, agora nessa cidade, outrora verde, teremos o primeiro buracão. Buracão, sim, como aqueles que Maluf fez em São Paulo, no centro, para mostrar a modernidade paulistana.  Mas aqui o buracão tem mais buraco: a administração Barros/Pupin, empresários locais, querem transformar a única universidade pública da cidade em uma via para carros. Para não desmanchar a Universidade em pedaços a céu aberto, os empresários políticos vão despedaçá-la por baixo. Um estupro, na minha opinião. Trezentos milhões serão gastos para dar vazão ao que o mundo  mais civilizado cada dia mais substitui, os carros. A Universidade Estadual de Maringá que nunca foi bem vista pelos empresários/políticos porque não aceita como cordeiro o sacrifício "moderno" dos milhões das construtoras modernas, é quase uma refém do prefeito e do futuro prefeito da cidade. Modernos prefeitos. Cuidam das empresas, dos carros, dos gados...  jogam fora cultura, livros, alegria, solidariedade, ambiente sustentável... gente!
Como é a Má-ringá?
1 - não temos parques ou praças públicas que acolham a população. Eventos são feitos em pequenas praças como a da catedral que, depois da reforma moderna, ficou mais impermeabilizada, mais calorenta. Ou são feitos em espaços de empresas como foi feita a bonita apresentação da TV Globo na segunda-feira passada. Mas, coisa pública para o público? Não, essa é uma cidade moderna.
2 - não temos teatros ativos ou de fácil acesso à população. Nem bibliotecas, nem museus. As bibliotecas são pequenas para manuseio da população estudantil mais pobre.  Museus? Só o de horrores. Não preciso nomear aqui um deles onde guardas não nos deixam falar, nos manifestar...
3 - ciclovias? Foram feitas em algumas avenidas e a moda não pegou. 
4 - cheia de carros, corre a cidade em busca de maior vazão para .... os carros. Não se faz uma cidade para a população toda, pobre, média, rica... se faz a cidade para quem tem carros. Por que no lugar do buracão por baixo da Universidade não se faz um metrô? 
Bem, o que é esse buracão? Um buraco que atravessa a cidade via centro onde localizam-se lojas e atualmente a PUC, PR, para outros locais onde se localizam empresas e outras universidades privadas. Para isso mata-se a única universidade pública. Isso mostra que o projeto tem um quê de VINGANÇA,  um que de MESQUINHARIA, um monte de "queS" para os empresários amigos. 
O BURACO é uma rota para ajudar os empresários amigos a circular trabalhadores e mercadorias, alunos e donos de carros. A justificativa é a vazão de carros. Mas, a vazão deve ser de pessoas e não de carros. E pessoas podem andar de metrô, que é mais moderno. Podem ir a teatros. Mas, não! Em terra de empresários quem não faz buraco não gasta R$300 milhões de reais. Para começar. Porque sabemos que no fim sempre essas empreitadas são mais caras. É o resgate do malufismo na Má-ringa!
Para mim esse buraco vem de uma confraria do dinheiro, da feiura estética, da morte da tradição da Universidade.