sábado, 25 de junho de 2011

Absolutos...

Quanto às teses e antíteses, creio que o mais correto é a prudência com afirmações e negativas absolutas. Certa feita uma pessoa que milita contra o sacrifício de animais me pediu, pela enésima vez, que assinasse um manifesto. Fi-lo, com prazer. Mas sugeri que ela também se preocupasse com um animal em extinção, em especial no Brasil, o ser humano. Arrumei, sem querer, uma inimiga. Absolutos no âmbito da finitude, servem apenas para o fanatismo ou para a charlatanice.

Paul Benichou, em Le temps des prophètes, doctrines de l'âge romantique (Gallimard), narra o fato: como no século 19 o Absoluto era o ai Jesus dos sistemáticos românticos, verdadeira moda, existiu um indivíduo que processou judicialmente um outro, porque ele tinha prometido lhe ensinar o Absoluto, mas não entregou a mercadoria... Infelizmente na universidade, nas Igrejas e seitas, nos partidos políticos, etc. existem muitos vendedores de Absoluto, e pouco pensamento. É notável como alguns alunos ainda escrevem textos com maior número de exclamações do que de interrogações, ou de reticências. O costume vem dos pais, dos mestres, dos jornalistas que exigem respostas e não perguntas, adesão irrestrita e jamais crítica. Pobre I. Kant! Como se iludiu sobre os tempos modernos! Quanto resta ainda para chegarmos ao Logos! Ainda estamos precisados do seu escrito mais útil : "Que significa nos orientar pelo pensamento ? "...
RR