terça-feira, 26 de abril de 2011

Homenagem aos que acham que os direitos humanos são relativos.

26/04/2011 - 16h34

Tropas de Gaddafi usam Viagra e camisinha como arma contra crianças na Líbia

Thiago Varella
Do UOL Notícias
Em São Paulo

Soldados das tropas do ditador líbio Muammar Gaddafi estão atacando sexualmente crianças, segundo a ONG Save the Children. Em entrevista ao UOL Notícias, o dinamarquês Michael Mahrt, conselheiro da instituição, disse que os relatos de estupro se repetem em todos os acampamentos de refugiados.

Crise na Líbia


Foto 158 de 158 - 14.abr.2011 Rebelde opera armamento antiaéreo na região de Ajdabiyah Mais Yannis Behrakis/Reuters

“Não podemos confirmar as histórias. Mas, por todos os lugares que passamos, as crianças e seus pais nos contam sobre estupros cometidos por soldados. Por isso, tomamos a história como verdadeira”, contou, pelo telefone.

Funcionários da ONG conversaram com mais de 300 crianças em quatro acampamentos diferentes. “Sabemos que em situação de trauma de guerra, as crianças podem inventar histórias. No entanto, elas ainda não estão assim. Elas estão diagnosticadas com um nível elevado de estresse. Além disso, os relatos são consistentes e contados da mesma maneira por crianças que não se conhecem”, explicou.

Mahrt não tem informações suficientes para dizer como estes ataques são feitos. No entanto, relatos vindos da Líbia dão conta de que muitos soldados são obrigados por seus superiores a estuprar as crianças nas vilas por onde passam.

Segundo o médico Suleiman Rejadi, entrevistado pelo canal de TV Al Jazeera, camisinhas e comprimidos de Viagra foram encontrados nos bolsos de cadáveres de soldados das tropas de Gaddafi. “Estou certo de que eram estupradores”, disse o médico.

Segundo Mahrt, além da violência sexual e das lembranças de terem visto parentes e amigos sendo assassinados, as crianças líbias também convivem com o trauma de terem sido usadas como escudo. “Muitos garotos, ainda bem novos, foram recrutados para lutar na guerra, como soldados”, contou.

O conselheiro passou duas semanas em Bengazi, conversando com crianças que estavam em acampamentos de refugiados. A maioria das famílias havia fugido de Misrata, Ajdabiya e, principalmente, Ras Lanuf.

“A situação nos acampamentos é boa. As famílias têm acesso à água potável, comida e assistência médica. Infelizmente, as crianças não têm escola e vão ficar sem aulas, pelo menos, até o fim da guerra”, lamentou.