sábado, 5 de fevereiro de 2011

Minha tomada de posição, ou meu "sentimento" para falar como no bom século dezoito.

Um traço histórico lamentável do colonialismo inglês, francês, belga, alemão, na Africa e no Oriente (incluindo sobretudo o médio) é a técnica nojenta de escolher os piores elementos das coletividades submetidas para "governar" os povos. O modus operandi calhorda foi assumido, sem maiores cautelas, pelos norte-americanos. Os ditadores mais cruéis lhes servem bem? Ótimo, que fiquem nos palácios durante décadas. Um governante timidamente oposto aos interesses dos estadunidenses? Golpe nele, morte, exílio. A tal política imperial se aproxima da pior raison d´État já praticada no mundo moderno, apenas perdendo para os nazistas e os comunistas. De vez em quando, por hipocrisia ou má consciência, um líder ou grupo americano passa a defender os direitos humanos. Mas tal defesa tem fôlego curto, além de ser especialmente seletiva.

O que resulta dessa política digna dos atenienses que cercaram a ilha de Melos ? De tanto apoiar ditadores e ditaduras, diminuem drasticamente no interior dos coletivos dominados as diversidades democráticas, laicas, modernas. As populações são empurradas para os templos (sejam eles católicos, como na Irlanda, na América do Sul, ou islamitas, como na África e no Oriente Médio, ou para os pagodes, como no Vietnã). Daí, um passo para o domínio clerical. Apenas um passo.

Eis o que se passa hoje na Tunísia, no Egito, no Yemen, na Jordania. Se os povos passarem a seguir os clericais, não os culpem. Culpem melhor os estrategistas anti-democráticos que pensam em termos de geopolítica vantajosa para a Europa e os EUA. É covardia dizer que as populações "naturalmente" tenderão ao fundamentalismo fanático, caso as ditaduras mais canalhas sejam afastadas.

Entre os povos do Chile e de muitos países sul-americanos, entre os povos da Africa e do Oriente e os sábios da CIA, do Pentágono, do Departamento de Estado, fico com os povos.

Roberto Romano

************************************************************************

05/02/2011 - 10h46 / Atualizada 05/02/2011 - 19h10

12º dia de protestos: Mubarak deve seguir no poder durante transição, diz enviado dos EUA

Do UOL Notícias
Em São Paulo

Segundo a AFP, um funcionário de Washington disse que o enviado ao Egito, Frank Wisner, "falava em seu nome e não em nome do governo dos Estados Unidos", ao afirmar que Hosni Mubarak deve permanecer no cargo durante a transição de governo.

Enviado dos EUA diz que Mubarak deve chefiar transição

(16h19) O presidente egípcio Hosni Mubarak, um "velho amigo" dos Estados Unidos, deve seguir em seu posto durante a transição democrática, disse neste sábado Frank Wisner, enviado especial para o Egito do presidente americano Barack Obama. Segundo Wisner, o presidente egípcio tem "a oportunidade de escrever seu próprio legado. Ele dedicou 60 anos de sua vida a serviço do país, este é o momento ideal para ele mostrar o caminho a seguir".

Protestos no Egito

Foto 1 de 28 - 05.fev.2001 - Opositores do governo do presidente egípcio Hosni Mubarak montam barricadas nos arredores da praça Tahrir, no centro de Cairo. Manifestações pedindo a renúncia do presidente chegam ao 12º dia Yannis Behrakis/REUTERS

Patrimônio de Mubarak pode chegar a US$ 70 bilhões

(14h43) O patrimônio da família do presidente do Egito, Hosni Mubarak, deve variar de US$ 40 bilhões a US$ 70 bilhões, segundo estudos feitos pela IHS Global Insight - empresa que faz análises econômicas e financeiras. A família de Mubarak tem propriedades em Londres (Reino Unido), Paris (França), Madri (Espanha), Frankfurt (Alemanha), Dubai (Emirados Árabes), além de Washington e Nova York (Estados Unidos).