sábado, 19 de fevereiro de 2011

E os nomes dos colegas brasileiros do Grande Plagiador, é LEGIÃO!

19/02/2011 -

Site revela plágio em tese de doutorado de ministro alemão

El País


  • A chanceler alemã angela Merkel e o ministro da Defesa da Alemanha Karl-Theodor zu Guttenberg falam com soldados alemães durante visita a alojamento em Kunduz, no Afeganistão

    A chanceler alemã angela Merkel e o ministro da Defesa da Alemanha Karl-Theodor zu Guttenberg falam com soldados alemães durante visita a alojamento em Kunduz, no Afeganistão

O ministro de defesa alemão, Karl-Theodor zu Guttenberg, disse na sexta-feira (18/2) que ia abdicar temporariamente de seu título de “doutor” após acusações de que ele teria plagiado passagens inteiras de sua tese. Suas tentativas de esvaziar o escândalo crescente, porém, podem se provar infrutíferas no final.

A Internet nunca descansa. E tampouco, aparentemente, uma das mais novas páginas da web. Desde que entrou no ar na quinta-feira, a página Wiki dedicada a examinar a tese de PhD do ministro da defesa Karl-Theodor zu Guttenberg em busca de mais trechos copiados e não citados, recebeu inúmeras contribuições. Na manhã de sexta-feira, 76 passagens tinham sido identificadas com similaridades impressionantes com trabalhos previamente publicados.

Ainda não há prova definitiva de má fé, mas uma coisa ficou clara: as acusações de plágio em partes da dissertação de Guttenberg, reveladas pelo “Süddeutsche Zeitung” no início da semana, não estão indo embora. E podem em breve se tornar um perigo significativo para o futuro político do ministro de defesa.

Os fatos do escândalo não parecem mais estar em disputa. Grandes trechos da dissertação de Guttenberg de 2006 –publicada na forma de livro em 2009- foram tirados de artigos de jornal, apresentações, diários e discursos sem citação adequada. Até mesmo os dois primeiros parágrafos da introdução parecem ter sido emprestados de um artigo de 1997 do jornal de centro direita “Frankfurter Allgemeine Zeitung”.

Mais do que o SPD pode resistir

A oposição alemã logo sentiu o cheiro de sangue. Guttenberg há muito é o político mais popular do país. Ele tem uma combinação de boa aparência com uma atitude de que tudo é possível e uma reputação de franqueza que lhe assegurou um apoio político sólido de seus eleitores da Bavária. Muitos mencionam seu nome como possível candidato a chanceler, quando Merkel deixar o cargo. A oportunidade de fazê-lo cair um pouquinho se provou irresistível para muitos sociais democratas.

“Não dá para ser ministro com tamanha mácula. Seria assim para qualquer pessoa”, disse o parlamentar influente do Partido Social Democrata (SPD) Dieter Wiefelspütz, na quinta-feira. Rainer Arnold, também do SPD, disse ao “Mitteldeutsche Zeitung” que “ministros que perderam sua credibilidade não podem exercer seus cargos”.

Por enquanto, parece que Guttenberg conta com o apoio de seu partido e da chanceler Merkel. De acordo com a agência de notícias alemã PDA, Merkel disse a Guttenberg em uma reunião de quinta-feira à noite que ela tinha “total fé” nele.

Outros também foram a público, com declarações menos fortes de apoio. “Acho que até ministros têm o direito de serem considerados inocentes até que se prove o contrário”, disse a ministra da Educação, Annette Schavan, ao “Rehinische Post”, na quinta-feira. O ministro da Fazenda, Wolfgang Schäuble, disse à rádio alemã na manhã de sexta-feira que “acusar Guttenberg de ter copiado toda sua tese não faz justiça ao caráter do trabalho”, uma comparação de 495 páginas dos esforços europeus e norte-americanos para estabelecer uma constituição, que Schäuble alega ter lido.

Ainda assim, Schäuble pareceu lançar uma nota de cautela. Quando perguntado se achava que Guttenberg deveria renunciar ao cargo após o escândalo, ele fez uma pausa breve e disse: “Devemos esperar primeiro... e examinar os fatos do caso.”

Renúncia ao título de doutor

O próprio Guttenberg praticamente manteve silêncio sobre a questão nesta semana, dizendo apenas que iria esperar pelo veredicto da Universidade de Bayreuth, de onde recebeu o doutorado. A universidade anunciou que estava investigando as acusações de plágio, e Guttenberg prontificou-se a cooperar com o processo.

Na sexta-feira, contudo, Guttenberg anunciou que renunciaria temporariamente ao título de “doutor” e disse que “sentia muito” pelos erros que sua dissertação “inquestionavelmente contém”. Ainda não está claro se a declaração dará um alívio temporário à febre atual na mídia.

Essas conferências apologéticas com a imprensa, porém, vêm ocorrendo com regularidade perturbadora para Guttenberg nos últimos meses. Mesmo sendo celebrado como o futuro da União Social Cristã (CSU), partido da coalizão dos democratas cristãos de Merkel, seu Ministério da Defesa tem sido o foco de vários escândalos nos últimos meses.

Em dezembro, um soldado alemão morreu no Afeganistão após levar um tiro de um colega enquanto os dois brincavam. O Ministério da Defesa foi acusado de tentar encobrir a verdadeira natureza do incidente.

No final de 2010, grandes números de cartas de soldados eram “sistematicamente” abertos antes de serem entregues aos endereços na Alemanha. Alguns desses envelopes foram entregues vazios.

Em janeiro, a morte de uma cadete a bordo do navio de treinamento Gorch Fock, em novembro, levou a revelações que as condições para os estudantes no navio eram abaixo dos padrões e perigosas.

De fato, o mandato de Guttenberg como ministro da defesa, iniciado no outono de 2009 após a reeleição de Merkel, já começou com um escândalo. Após a ordem alemã de bombardear dois caminhões de petróleo no Afeganistão em setembro de 2009 –um ataque que matou quase 150 pessoas, incluindo muitos civis- Guttenberg foi acusado de ter enganado o público sobre o que sabia sobre o ataque.

Mais recentemente, a reforma que propôs para as forças armadas foi atacada por ineficiência e por não gerar as economias que o ministro prometeu.

Tais soluços e batalhas políticas são comuns, apesar de Guttenberg ter sido alvo de uma grande quantidade deles nos últimos meses. Além disso, sua posição no governo e entre o povo não parece ter sofrido. Desta vez, contudo, a situação pode ser provar mais precária. Afinal, não há ninguém para Guttenberg acusar ou botar a culpa. E a busca por seções ainda mais problemáticas em sua dissertação continua. A Internet nunca dorme.

Tradução: Deborah Weinberg