segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Marta Bellini. Importantíssimo recordar.

Articular historicamente o passado não significa conhecê-lo “como ele de fato foi”. Significa apropriar-se de uma remi-niscência, tal como ela relampeja no momento de um perigo. Cabe ao materialismo histórico fixar uma imagem do passado, como ela se apresenta, no momento do perigo, ao sujeito histórico, sem que ele tenha consciência disso. O perigo ameaça tanto a existência da tradição como os que a recebem. Para ambos, o perigo é o mesmo: entregar-se às classes dominantes, como seu instrumento. Em cada época, é preciso arrancar a tradição ao conformismo, que quer apoderar-se dela. Pois o Messias não vem apenas como salvador; ele vem também como o vencedor do Anticristo. O dom de despertar no passado as centelhas da esperança é privilégio exclusivo do historiador convencido de quetambém os mortos não estarão em segurança se o inimigo vencer. E esse inimigo não tem cessado de vencer." (Walter Benjamin, 6a tese Sobre o conceito de História, trad. S. Rouanet). É assim, os vencedores estão aí, confraternizando com os vencedores. Ai dos vencidos, já dizia o realista Cesar, um romano que repetia a experiência dos vencedores. RR


segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

17 de janeiro

Foto: Teresa, mulher de Manoel Fiel Filho

17 de janeiro de 1976 morria assassinado pelos torturadores de plantão da ditadura militar no Brasil o operário Manoel Fiel Filho.


VEJA AQUI O DOSSIÊ DOS DESAPARECIDOS E OS NOMES ENVOLVIDOS NO ASSASSINATO.

Artigo de jornal
Luppi, Carlos Alberto. Legista afirma que Fiel Filho "morreu por estrangulamento". Folha de S. Paulo, São Paulo, 4 nov. 1978. Divulga a declaração do professor de Medicina Legal da Faculdade de Direito de Guarulhos José Antônio de Mello, autor da necrópsia do corpo de Manoel Fiel Filho. Ele afirma que a morte do operário em 17/01/76, ocorreu por estrangulamento e não por enforcamento. No exame não foi possível detectar se ocorreu por ação de terceiros ou do próprio Manoel. Casos de auto-estrangulamento são raríssimos, e ele mesmo nunca soube de um caso desses em 20 anos de Medicina Legal. Afirma que o laudo concluído foi perfeito, e não emitiu opinião por não ser de sua alçada. Mostrou-se surpreso quando soube que a esposa de Manoel estava entrando na Justiça para apurar as condições de sua morte, por acreditar que este caso deveria ter sido tratado judicialmente por ser totalmente atípico. Disse não ter sido chamado à época para depor no Inquérito Policial Militar e nem soube de sua existência.