sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Sabujos, adulões e jornalistas, todos brownnosing. O Nobel que Lula não recebeu.



shining the boss's shoes
Max Oppenheim/ The Image Bank/Getty Images






Ontem, bem avançada era a noite, toca o telefone. "Robeeerrto?". Surpreso, respondo um tímido e quase inaudivel "sim". Olá, diz a voz feminina do outro lado. Estamos preparando matéria para o premio Nobel da Paz. Como existe quase certeza de que o presidente Lula vai ser o ganhador faremos uma prévia, para o caso de ser confirmada a notícia. O senhor (ufa, voltou a boa educação, pelo menos momentâneamente...) poderia gravar conosco falando da importância, para o Brasil, daquela premiação ? Fico irritado. Em primeiro lugar pela arrogância jornalística, misturada ao pior servilismo. Depois pelo horário. Depois pela presunção própria aos áulicos. Digo que estou com a saúde abalada e não gostaria de conceder entrevistas na hora proposta ou em outra hora qualquer. Tem algum cientista político para indicar? Pergunta a voz anônima do outro lado. Não. E penso: passar o abacaxi para um colega seria, de fato, anti-ético.

Não direi o nome da rede televisiva, só que ela se caracteriza pela viés governista, vinte e quatro horas por dia. Imagino o que passou pela mente dos jornalistas naquela rede: uma bomba em favor da candidatura oficial à presidência. De fato, o ministro Franklin Martins tem alguma razão quando diz que no Brasil a imprensa ainda é livre, "o que não significa que ela seja boa". Afora o "boa" (segundo quais parâmetros? Tenho certeza que estalinistas) ele sabe com quem trata e de quem trata. A rede em questão, sabuja e enviezada, costuma lamber os pés do governo. Como todos os servos, os seus jornalistas ajoelham diante dos "de cima" e se julgam autorizados a destratar os "de baixo". Robeeeerto? Se houver uma próxima vez, direi em alto e bom som: "é a vovozinha". Ou algo mais duro.

Em tempo: A Academia nos poupou do ridículo, desta vez. O estadista de meia pacata ou de pataco furado não recebeu o Nobel. Recebeu o premio um dissidente chines que luta contra a "boa imprensa" dos sonhos vividos por Franklin Martins e aliados. Seria bom aconselhar aos censores da imprensa burguesa e capitalista que fossem viver na China. Alí, eles saberiam o que significa, de fato, o "controle social da midia".

RR