terça-feira, 10 de agosto de 2010

De Rerum Natura...




Terça-feira, 10 de Agosto de 2010

Papel de Epicuro


Transcrevo este trecho do poema "A Natureza das Coisas" (I. 62-79), de Lucrécio, que surge no livro recentemente reeditado "Romana. Antologia da Cultura Latina", 6.a edição aumentada organização e tradução de Maria Helena da Rocha Pereira, Guimarães, 2010 (na advertência preliminar a autor declara ter utilizado a tradução de A. de Mendonça Falcão, "Da Natureza das Cousas", Imprensa da Universidade, 1890"):

"Quando, abjecta, a vida humana jazia aos olhos de todos
sobre a terra, oprimida pelo medo da crendice,
que das celestes regiões erguia a cabeça,
impendendo sobre os mortais com tremendo aspecto,
~um Homem Grego ousou, antes de todos,
contra ela erguer os seus olhos mortais
e contra ela foi o primeiro a opor resistência.
A ele não o deteve a fama dos deuses, nem coriscos.
nem o céu com estrondos minazes, mas mais lhe acicatou
do seu ânimo a acérrima força, para ambicionar ser o primeiro
a arrombar as trancadas portas do acesso à natureza.
ganhou, portanto, a vitória a vigorosa força do seu ânimo,
avançou muito para além das muralhas flamejantes do mundo,
e com a mente o espírito percorreu a intensidade;
daí regressa vitorioso, para nos ensinar o que pode ser
e o que não pode; enfim, de que maneira cada coisa
é sujeita a limites e bem enterrados os marcos que lhes põem termos.
Eis porque a crendice foi calcada aos pés, por sua vez,
e a vitória nos faz subir aos céus."