quinta-feira, 15 de julho de 2010

Canal Terra

Atualizada às 09h43

Chamar Eliza de "amante" é tratamento desigual

Sírio Possenti
De Campinas (SP)


Eliza Samúdio (Foto: Redação Terra)

Goleiro & amante

Bruno, acusado de ter tomado medidas bem drásticas para dar um fim em Eliza, uma moça com quem teve um relacionamento do qual nasceu um filho, está sendo condenado antes do julgamento (precisamos de audiência, entende?), mas continua sendo chamado de "o goleiro Bruno".

Já a referida moça é geralmente chamada de "(ex-)amante", um termo de óbvias conotações negativas. A diferença de tratamento é tão grande quanto seria se ele fosse chamado de "assassino" e ela de "jovem" ou "modelo" ou "atriz" (desde que a palavra não fosse acompanhada de um riso maroto, dada sua área típica de atuação). Às vezes, quando os redatores estão de bem com a vida, chamam-na de "namorada". Mas "amante" ganha de longe!

Por que a diferença? A mídia, que, sempre que é criticada, afirma que querem controlar sua liberdade, o que é uma bobagem, tem um longo histórico de falta de objetividade em casos semelhantes. Moços da periferia são sempre bandidos, bandidos da classe média são sempre jovens ou estudantes. Basta ver como foram chamados os que queimaram um índio em Brasília e os que bateram numa empregada doméstica no Rio.

Até a distribuição de "suposto/suposta" é desigual!