segunda-feira, 15 de março de 2010

It´s about nothing

segunda-feira, 15 de março de 2010

'Nós' contra 'Eles' : o 'Fla x Flu' ideológico cultivado pelo atraso

Meu profundo desgosto com o Brasil e com o brasileiro, em geral, é de longuíssima data, não se trata de algo recente. Mas desde uns tempos para cá (desde que a organização criminosa fantasiada de partido político está no poder) este desgosto e até mesmo repulsa têm aumentado substancialmente.

Nunca entrei nestes ufanismos torpes, próprios de épocas onde conhecimento é trocado por doutrinas deturpadas, de que somos fantásticos, pacíficos, bondosos, lindos e maravilhosos. Na realidade fronteiras regionais entre países ou dentro de um mesmo país nunca me disseram coisa alguma. Não odeio ou gosto mais de alguém pelo que está escrito em seu passaporte. Nunca bati no peito e disse “brasileiro” ou qualquer outra coisa, antes de qualquer rótulo imposto, sou um mero ser humano como qualquer outro nascido em qualquer canto deste planeta.

Atualmente rumina-se muito nesta nação e os ódios, cuidadosamente cultivados com objetivos precisos, estão aflorados e ordenados. Tudo com um propósito, basta lembrar a frase de Júlio César dirigida a um de seus subordinados quando questionado do sentido de fazer alianças com gauleses se no futuro as legiões teriam que enfrentá-los para conquistar aquela terra, César respondeu: “Dividir para conquistar”. Sabiamente César explorou os ódios e rivalidades entre tribos diferentes para poupar seu exército em enfraquecer as tribos, o resto é história: conquistou a Gália com facilidade e com este triunfo teve força suficiente para se tornar imperador pelas próprias mãos.

Hoje passando por qualquer portal de notícias é comum notar agressões gratuitas entre pessoas de diferentes estados, seja norte contra sul, seja entre a mesma região: carioca versus paulista, por exemplo. Mesmo quando a notícia não possui qualquer menção de regionalismos, começam os ódios entre regiões. Quando a notícia é sobre alguma situação envolvendo Brasil e outros países a carga de ódio por estrangeiros é ainda maior.

Os adeptos da pureza nativa adoram afirmar as velhas bobagens sobre a entidade mitológica denominada: “brasileiro”. Ele é bondoso (ou ‘bonzinho’), livre de preconceitos, acolhedor, alegre e pacífico, fora alguns outros atributos como criativo e etc., que resolvi não listar, pois este não é o ponto agora.

Uma sociedade violenta como a brasileira, beirando a psicótica (pessoas matam outras por: discussões, fins de relacionamento, times de futebol, fechadas em trânsito e etc.) jamais pode afirmar que é pacífica, estamos muito longe deste conceito.

Os ódios trabalhados sistematicamente contra o mal que surge além de sua esquina (os nascidos em outros estados não prestam, possuem sempre uma pecha: vagabundos, bandidos, roubam nosso sucesso e etc. Os nascidos em outras nações são maus e cheio de pechas: dominadores, cruéis, anti-isto e anti-aquilo, por exemplo) têm o propósito da necessidade de um ‘herói’ que em um primeiro momento nos salve destas terríveis ameaças e em um segundo momento se encarregue de ‘dar uma lição’ nos bárbaros que estão além da fronteiras, afim de que eles absorvam nossos valores e possam (no seu devido lugar, lógico) se relacionar conosco. Este ‘herói’ pode ser uma pessoa, um partido ou uma doutrina.

Lula nestes últimos oito anos alimentou estes ódios ao discursar nos rincões ao norte do país que o mal está concentrado no sudeste (ou sul) e que só ele Lula (e os ungidos por ele) podem salvá-los dos bárbaros maus que sabotam sucesso natural daquela região e desta forma estabelecer a ordem natural das coisas (este discurso, obviamente, funciona em outros níveis: racial, de gênero, entre classes etc.)

Quando o discurso extrapola as fronteiras nacionais, há uma divisão entre os pobres oprimidos do mundo (que por coincidência são as tiranias amigas da ideologia petista) e os exploradores maus e imperialistas que sabotam o enriquecimento destas regiões para dominá-las eternamente. Este discurso é poderoso e funciona há milênios, principalmente quando faltam conhecimento e senso crítico e sobram doutrinas, ideologias e obscurantismos.