sábado, 12 de setembro de 2009

It´s about nothing...

Sábado, 12 de Setembro de 2009

"El Comandante" mostra a sua face

Lula afirma que decisão sobre compra de caças para FAB é política

Reuters

RECIFE - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro nesta sexta-feira, em Pernambuco, que será política a decisão final sobre a escolha dos caças para reequipar a Força Aérea Brasileira (FAB).
O Rafale, fabricado pela francesa Dassault Aviation, está concorrendo com o F/A-18E/F Super Hornet da americana Boeing e com o Gripen da sueca Saab.

- A FAB, ela tem o conhecimento tecnológico para fazer a avaliação, ela vai fazer e eu preciso que ela faça. Agora, a decisão é política e estratégica e essa é do presidente da República e de ninguém mais - disse Lula. - Temos muito tempo para discutir porque eu não tenho obrigação de decidir amanhã, depois de amanhã, o ano que vem. Eu decido quando eu quiser - acrescentou.

A polêmica sobre o assunto ganhou corpo na segunda-feira depois que Lula anunciou junto com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, que o Brasil estava entrando em uma fase final de negociações para a compra dos caças franceses Rafale. Naquele dia, entretanto, o governo não explicitou se a concorrência para a compra das aeronaves estava encerrada. Isso só ocorreu no dia seguinte, quando o Ministério da Defesa divulgou comunicado informando que o processo de escolha do novo caça da Força Aérea ainda não está concluído.


Países têm até 21 de setembro para entregar proposta sobre caças

Nesta sexta, a Defesa informou que as empresas têm até 21 de setembro para apresentar nova proposta comercial para venda de caças ao Brasil. A expectativa da FAB é concluir o processo de análise técnica até o fim de outubro e encaminhar as informações ao presidente Lula.

Também em nota, a Força confirmou que se reuniu nesta semana com os fabricantes finalistas do projeto F-X2. O Comando da Aeronáutica aguarda novas propostas da França, Estados Unidos e Suécia para uma avaliação técnica final sobre a compra dos caças.
"Nós faremos a análise técnica. O governo irá analisar a parte política e estratégica", informa o brigadeiro Juniti Saito, comandante da Aeronáutica.

Segundo a FAB, o governo francês já assumiu o compromisso de ofertar caças Rafale (Dassault) a preços competitivos, razoáveis, além de transferência de tecnologia, entre outros pontos. Nesta semana, os Estados Unidos e a Suécia também divulgaram o interesse de aprofundar as ofertas. A Aeronáutica esclarece que estão sendo avaliadas cinco áreas prioritárias: transferência de tecnologia, domínio do sistema de armas (pelo Brasil), acordos de compensação e participação da indústria nacional (offset), técnico-operacional e comercial.
Os concorrentes serão avaliados por um critério de pontuação, "conforme os quesitos elaborados, como exemplo, o nível de transferência tecnológica oferecido", explica. O processo de seleção reúne mais de 26 mil páginas de documentos, entre ofertas e contra-ofertas, documentos que servirão como base para elaboração e gerenciamento do contrato a ser firmado.
Segundo Lula, apenas Sarkozy se propôs a transferir tecnologia
Nesta sexta, o presidente explicou porque as negociações com os franceses avançaram. Lula afirmou que "a única coisa concreta" que tem até agora é a palavra de Sarkozy assegurando que as exigências do Brasil de transferência de tecnologia e de construir as aeronaves no país serão atendidas.

- Uma coisa está clara. Nós queremos transferência de tecnologia e queremos construir estes aviões no Brasil. O presidente Sarkozy, até agora, foi o único presidente que disse textualmente para mim que ele quer não apenas transferir tecnologia para o Brasil, mas fazer o avião aqui e que o Brasil tem disponibilidade para vender daqui para toda a América Latina. Se alguém quiser ofertar mais, que oferte. Negociação é assim, as vezes leva um ano - afirmou Lula.
Diante da disputa acirrada, Lula disse, no início da semana, que "daqui a pouco receberia de graça (os caças)". Questionado sobre a declaração, afirmou nesta sexta-feira:
- O que eu acho ruim é as pessoas não diferenciarem o que é uma brincadeira, uma ironia do que é uma resposta séria sobre o assunto. Lógico que esse é um assunto extremamente sério para o Brasil, nós estamos em um processo de fazer análise. É importante que os fornecedores estejam oferecendo cada vez mais potencialidades.

Lula diz que seu governo é paradigma

Lula disse ainda nesta sexta que o seu governo vai servir de "paradigma" para o próximo presidente da República "fazer mais" . Na quinta-feira, o presidente já havia afirmado que o eleitor precisa escolher um candidato que dê continuidade ao seu governo.
- Fico feliz porque tenho a consciência de que a partir de 2011 quem vier governar este país tem obrigação moral e política de fazer muito mais do que eu, porque se não vai ficar desmoralizado diante do povo. O povo vai perguntar: como um metalúrgico sem diploma universitário fez tanta escola e você não faz? Então ele vai ter o meu governo como paradigma para fazer mais - afirmou.

Lula mostra mais uma vez seu viés autoritário. A decisão cabe ao Ministro de Defesa e aos técnicos da aeronáutica que possuem a competência e conhecimento necessários para avaliar se a compra dos aviões é adequada para as necessidades de defesa do país. Lula não entende nada de caças, pode até ter recebido memorandos do Ministro de Defesa e da aeronáutica e ter ouvido as informações de algum assessor (depois deste ler e resumir as informações – já que Lula sabidamente não gosta de ler), mas isto não o torna expert em caças para decidir.
Mas Lula precisa mostrar para o povão que ele é “o cara”, então El Comandante decidirá quando ele estiver com vontade, segundo suas próprias palavras, quando fará a compra. Mas negócios militares não funcionam desta maneira, mesmo comprando aviões ultrapassados há um prazo pré-estabelecido pelos vendedores para a resposta do governo brasileiro.
Mais uma vez o governo fez carnaval com um fato inexistente, durante o 7 de setembro foi um alarde só: “o homem comprou caças para o Brasil”, diziam seus leais súditos...