quinta-feira, 30 de julho de 2009

No Congresso em Foco. Com a mesma bibliografia do post abaixo. Pena que Sarney não leu Canetti...

Quinta-Feira, 30 de Julho de 2009

30/07/2009 - 17h03

Lula diz que crise do Senado não é problema dele

Presidente da República afirmou em entrevista coletiva que os problemas do Legislativo devem ser resolvidos pelos parlamentares.

Mário Coelho

O presidente Lula disse na tarde desta quinta-feira (30), em entrevista coletiva, que são os senadores que devem decidir o futuro do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Questionado por jornalistas, ele afirmou que, como não votou no peemedebista tanto para a Casa como para o comando do Legislativo, não tem qualquer poder de decisão.

"Não é um problema meu [a crise no Senado]. Eu não votei para eleger o presidente Sarney presidente do Senado", afirmou. Ao enfatizar a resposta, Lula até cometeu um ato falho. Ele disse que não votou "para ele ser senador no Maranhão". O peemedebista, apesar de ter feito quase toda sua carreira política no Maranhão, desde 1995 representa o Amapá no Senado.

"Eu votei nos senadores de São Paulo. Então, quem tem que decidir se o presidente Sarney continua presidente do Senado, é o Senado. Somente o Senado, que o elegeu, é que pode dizer se ele pode ficar ou não. Não sou eu", disse Lula. O presidente negou que exista qualquer reunião marcada com o peemedebista. Mas adiantou que se Sarney, ou o presidente de outro poder, quiser um encontro, terá. "A hora que pedirem uma conversa comigo, eles terão uma conversa comigo. Porque é de boa política o presidente da República atender o presidente dos poderes."

A coletiva ocorreu logo após a sessão de encerramento do Seminário Empresarial Basil-Chile, em São Paulo. Lula, junto com a presidente do Chile, Michelle Bachelet, deveria responder duas perguntas de jornalistas brasileiros e outras duas de repórteres chilenos. Mas, como as perguntas feitas pelos anfitriões foram as mesmas, o presidente não perdeu a chance de brincar. "[Como a assessoria] disse que seriam duas perguntas para cada, eu fiquei pensando como que [os jornalistas] vão decidir quais serão as duas perguntas a serem feitas. E, por coincidência, foram as mesmas", brincou Lula, arrancando risadas da colega chilena.

Lula disse também que não iria opinar sobre a posição da bancada petista, que já divulgou nota defendendo a saída de Sarney da presidência do Senado. "Não posso dizer o destino da bancada do PT se eles estão de férias. Faz três anos que não participo de reuniões do diretório do partido. Portanto, eu não acompanho o dia a dia do partido."

Paralisia

Apesar de afirmar que a crise do Senado não é problema seu, Lula reclamou da paralisia do Legislativo. Ele disse que, no Brasil, o poder Executivo depende muito mais do Senado que o inverso. O petista disse esperar que, após o recesso parlamentar, os senadores possam resolver a atual crise rapidamente.

"Então, o que que eu espero? Todo mundo sabe que a paralisia do Legislativo pode criar problemas para o país, projetos importantes podem ser retardados. Tudo o que eu espero é que o Congresso, agora com a cabeça fria, dez dias de férias para todo mundo, cada um foi viajar, descansar, é que o Congresso volte, se reúna, como homens adultos que são, todos com mais de 35 anos de idade, e decidam normalizar a atuação do Senado", comentou.

O presidente apontou que, por conta das denúncias envolvendo Sarney e o Senado, existem projetos para combater a crise econômica que ainda não foram analisados pelos parlamentares. "Tem medidas que nós mandamos para combater a crise econômica que ainda estão para serem votadas, e que, portanto, nós não podemos perder tempo. Temos que votar essas coisas. Espero que os senadores se acertem e que passem a fazer o debate político que tem que ser feito. E a votar as coisas que precisam ser votadas", cobrou.