terça-feira, 28 de julho de 2009

Caro Mercadante: de nada adianta o seu faz de conta: em São Paulo, seu nome já era. Espere 2010.

MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília

Atualizado às 16h53.

O governo escalou nesta terça-feira o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) para tentar amenizar o discurso do ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais), que ontem saiu em defesa do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e minimizou a defesa do líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), pelo afastamento do peemedebista.

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Segundo a assessoria do petista, Bernardo telefonou hoje para Mercadante e explicou que não era do governo a avaliação de que o pedido de afastamento de Sarney representava uma posição isolada de "um ou dois senadores" e não da bancada petista.

O ministro do Planejamento sustentou que o assunto não foi tratado na reunião de coordenação política --que reúne os principais ministros-- e, portanto, a declaração não poderia ser tratada como um posicionamento oficial.

Múcio também já ligou para Mercadante, segundo a assessoria do ministro. O assunto teria sido esclarecido e a situação, contornada. Procurado pela Folha Online, no entanto, o líder do PT não quis comentar o tema, mas disse, por meio de sua assessoria, que continua a favor de uma licença temporária de Sarney.

A decisão do governo de defender Sarney já causou outro mal-estar com a bancada do PT e com o próprio Mercadante. No jantar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofereceu aos senadores petistas, Mercadante chegou a ameaçar deixar o cargo, diante da pressão para que o partido evitasse constrangimentos ao peemedebista.

A direção do PT deve conversar na semana que vem com a bancada para tentar afinar o discurso e reafirmar uma posição mais branda em relação ao presidente do Senado. A conversa deve ser administrada pelo presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), e pelo chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho.

Na avaliação do governo, não é papel da bancada discutir a saída ou afastamento de Sarney porque os petistas não apoiaram a candidatura dele.

O presidente do PT teria dito a interlocutores que foi surpreendido com a nota divulgada pelo líder do PT por acreditar que não existem novos motivos para pressionar o peemedebista. Na nota, Mercadante afirmou que a divulgação das gravações da Polícia Federal que indicariam envolvimento de Sarney na negociação da contratação do namorado da neta era "grave, porque há indícios concretos da associação do peemedebista com atos secretos".

Múcio disse ontem que o governo manteria o apoio a Sarney e que a nota não tinha o aval de toda bancada. "O que nós avaliamos é que isso não é um movimento do PT. Nós imaginamos que seja o posicionamento de um ou dois senadores", afirmou.