sexta-feira, 26 de junho de 2009

Papo universitário, Curitiba dia 24/06/2009

Vida Pública

Sexta-feira, 26/06/2009

Papo Universitário

Controle social inibe irregularidade na política

Publicado em 26/06/2009 | Rhodrigo Deda e Fernanda Trisotto, especial para a Gazeta do Povo

A necessidade da participação da população na política como forma de controlar o comportamento das autoridades, que muitas vezes agem como se estivessem acima das leis, foi a tônica da segunda edição de 2009 do Papo Universitário, promovido pela Gazeta do Povo. “Antes de desistir da política, devemos investir nela. E como fazer isso?”, questionou a professora de Ciências Políticas Luciana Veiga, da UFPR, uma das convidadas para o debate. “Fazendo o controle das ações dos políticos”, completou, durante o evento, que ocorreu na quarta-feira no teatro Paiol.

Escândalos envolvendo políticos nacionais e locais inspiraram o tema do Papo Universitário – Política acima do bem e do mal. Político pode tudo? Entre os exemplos de má conduta de políticos citadas durante o debate estiveram o uso de atos secretos no Senado e o acidente de carro envolvendo o ex-deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho, que estava com a carteira de motorista cassada. Além de Luciana Veiga, estiveram presentes como debatedores o professor de Ética e Política Roberto Romando, da Unicamp, o jurista René Dotti e o deputado estadual Tadeu Veneri (PT).

René Dotti afirmou que a população também é responsável pelos problemas da política atual e que há a necessidade de uma participação mais ativa das pessoas. “A política somos nós, com nossos votos. De certa maneira, somos responsáveis pelo que está acontecendo.” Para Dotti, o controle social do poder diminui a corrupção.

Na mesma linha de Dotti, o deputado Tadeu Veneri citou o pensamento do Padre Antonio Vieira, que dizia que “a omissão é o único pecado que se faz não fazendo”. Para o deputado, o eleitor é o co-responsável por quem está na política, porque “ninguém é eleito por acaso”.

Domínio da lei?

Unânime foi a visão dos debatedores de que políticos não estão acima da lei. Porém Roberto Romano considera que o Brasil ainda possui resquícios de uma cultura patrimonialista, na qual políticos tratam o bem público como fosse de sua propriedade. “É difícil dizer que vivemos em uma República democrática. O Brasil é um anacronismo do absolutismo monárquico”, afirmou o professor.

Na avaliação de Luciana Veiga, é preciso que as regras tornem-se mais importantes que a hierarquia política. “Vemos alguns avanços, estamos num momento de transição”, diz a professora. Para ela, todos têm sua parcela de responsabilidade. “Mas como são os políticos que propõem as leis, eles devem dar exemplo para a população. É preciso que respeitem as regras.”

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