sábado, 23 de maio de 2009

Aviso às quadrilhas "acadêmicas".

Na "comunidade" acadêmica circulam quadrilhas de todo tipo e para todo gosto e prazer. Alguns fingem altivez, mas se pudessem agarrariam o sanduíche da criancinha que está ao lado. Outros afirmam defender os injustiçados e oprimidos e o custo para a façanha implica em bolsas de "estudo", viagens a Paris ou Nova York, à custa do erário, ou seja, dos que pagam impostos. Outros, na idiota divisão do trabalho, assumem o mister de incomodar quem se pronuncia publicamente, em especial quem se pronuncia publicamente contra os dirigentes dos grupos que se aboletam no poder e usufruem as benesses dos poderosos de plantão. Para esta gente, não existe privacidade cabível, da qual usufruiriam os seus inimigos. Detalhe: a quadrilha, covarde como todas as quadrilhas, remete mensagens eletrônicas sem assinar em baixo, sem dar endereço, de maneira perfeitamente anônima como requer a lei da sarjeta. Nem sempre os "defendidos" pelos quadrilheiros menores sabem o que estes fazem. O zelo ignóbil costuma ter iniciativa "própria". Atacar, ameaçar, caluniar em nome dos idolos intocáveis é matéria habitual, é o costume dos anônimos desqualificados no mundo em que as pessoas tem nome, endereço, respondem por seus atos e palavras.

Tenho recebido "correspondência" anônima, me atacando por criticar alguns peixes gordos da universidade petista. Palavrões não faltam.

Enganam-se os que imaginam, assim fazendo, me intimidar. Passei pela Cadeira do Dragão, usada pelo delegado Fleury, passei pela perseguição nos campi, passei pela censura e não mudei meu estilo e pensamento. Assino em baixo de tudo o que escrevo. Receio? Tenho sim, porque sei até onde pode ir a ignomínia dos grupelhos organizados. Mas enquanto puder, enquanto não for decretada a ditadura dos canalhas, continuarei pensando e escrevendo. Sem pedir licença.

Segue abaixo um artigo antigo, mas não velho, onde falo de pessoas que são cultivadas pelos energumenos, nos campi ou fora deles. Dou nome e endereço. Este é o modo de agir empregado pelas pessoas retas.

O resto se aninha no antro escuro do anonimato. De onde rosna e ameaça.



RR

E olhem a reportagem de hoje, repetida no Blog do Noblat: é sempre a mesma tática, acusar para disfarçar o próprio animo ditatorial. Os f.d.p. são os mesmos, a sua "falação" (o termo bárbaro não é meu, é do PT) idêntica. Sempre que eles preparam golpes, acusam os adversários de...golpismo. E os adversários, com frequência covardes, interesseiros ou obtusos (ou as três coisas ao mesmo tempo) encolhem o corpo e a pobre alma. Se defendem, quando deveriam atacar. Antes de ler o artigo em que comento a sofística petista, que anuncia golpes dos outros, para disfarçar o seu, leiam a bela nova que vem do Equador.

RR

Equador - Presidente promete combater corrupção na mídia

O governo do Equador planeja reprimir as empresas de mídia que usaram de corrupção para obter concessões públicas de rádio e TV, disse o presidente do país, Rafael Correa, neste sábado.

O anúncio pelo presidente, político de esquerda, vem em meio a temores de que investigações a emissoras de rádio e TV sejam usadas para punir os críticos do governo. O presidente tem acusado grupos de mídia de favorecer a oposição e grupos econômicos.

"Mesmo que os custos sejam altos, vamos corrigir toda essa corrupção em concessões de rádio e TV", afirmou Correa, durante o seu pronunciamento semanal pelos meios de comunicação.

"Estejam prontos, porque essa luta contra a corrupção vai ser chamada de um atentado contra a liberdade de expressão", declarou ele.



Folha de São Paulo, 24 de novembro de 2005.

TENDÊNCIAS/DEBATES

Imaginários golpes de Estado

Roberto Romano


O PT insiste na pretensa conspiração "elitista" da imprensa. Antes de parolar sobre o assunto, deve-se definir as condições e os beneficiários daqueles intentos e contra quem eles seriam empreendidos. Segundo Aristóteles, os governos tombam "com auxílio de fraudes e astúcias". E Justo Lipsio acrescenta: "não seria ruim defendê-los usando meios idênticos". Gabriel Naudé, em "Considerações Politicas sobre o Golpe de Estado" (1639), afirma ser todo golpe um conjunto de ações ousadas que os governantes executam contra o direito comum sem respeitar a Justiça, "jogando com o interesse particular em prol do bem público". Um tipo de intelectual petista, com base em reportagens da imprensa, espalha boatos indignos de qualquer acadêmico.


Naudé indica cinco regras dos golpes. Primeira: trapacear, porque "as leis perdoam os delitos que a força obriga a cometer". Segunda: o golpe sempre simula algum proveito público. Terceira: ele nunca deve ser feito apressadamente. Quarta: o golpista deve parecer médico, não carrasco. Ele corta as partes frágeis da oposição política, deixa as demais para o fim. Quinta: para desarmar os inimigos, agir como hipócrita, torcer a cara como um pai quando cauteriza a ferida de seu pimpolho. Entre as técnicas do golpe, vêm os boatos de calamidades econômicas e religiosas caso "algo" não seja feito para remediar... o suposto golpe da oposição. Para fabricar a boataria, deve o governo usar pregadores bem falantes, de preferência os que parecem isentos.

A astúcia usada pelo PT chega à virulenta fraude e segue as regras de Naudé. Acusando sem provas, intelectuais petistas espalham boatos irresponsáveis sobre um fantástico golpe de Estado midiático. Tal desonestidade segue receita infalível: grita, mas sem indicar os pretensos golpistas. "Elite" e "imprensa" são nomes abstratos e arrebanham a tudo e a todos. Calando o endereço de grupos ou indivíduos ("elite" supõe tanto a classe média empobrecida como os banqueiros que nadam nos lucros garantidos pelo governo dos "companheiros"), os falastrões petistas atacam a "imprensa burguesa". Esta servia bem quando os petistas não se refestelavam no poder.

Todas as fraudes são usadas na tarefa nauseante de caluniar jornais e profissionais da imprensa. Vladimir Poleto, com a face luzidia, diz que foi "constrangido" por um jornalista a mentir para a revista "Veja". E alega a própria torpeza: estava com o bandulho cheio de cachaça. Na cópia eletrônica da entrevista surgiu a mentira real. Ocorre um asqueroso espetáculo barroco desempenhado pelo petismo: a mentira cobre a mentira, a fraude esconde e revela a fraude.

Já outro tipo de intelectual petista, com base em reportagens da imprensa, espalha boatos indignos de qualquer acadêmico sério. É o caso de uma professora que proclama seguir Espinosa, mas cujo manual predileto se encontra nas prateleiras do conhecido "Agitprop", a outra face da repressão stalinista. De quem segue Espinosa se espera rigor teórico. A especialista em ética e política leu uma reportagem publicada por Marina Amaral na "Caros Amigos". Até aí, nada a comentar. Respeito os profissionais liderados por Sérgio de Souza. Marina Amaral cumpriu seu papel. Cabia à filósofa verificar o conteúdo daquela matéria, o que não é função exclusiva do jornalista. Em vez disso, a acadêmica deitou falação (o termo horrível é usado na grei petista para indicar um discurso) entre metalúrgicos. A professora se equilibra entre dogmas e sofismas enunciados "ex cathedra". E os "companheiros" já falam em greve para "defender o governo do golpe". Eles calaram, como bons cúmplices, os absurdos contra os trabalhadores cometidos pelo presidente e ministros.

Uma pergunta: se toda imprensa é golpista, por que a de esquerda seria isenta? Se apenas esta última é confiável, por que os militantes que se dizem teóricos escreveram e escrevem nas demais? Já que a suspeita ronda o país, afirmo: o petismo, num delírio usual em cabeças autoritárias, deseja abolir a mídia externa ao partido. Mal a coorte angélica chegou ao poder, os seus donos engendraram mordaças para os odiados burgueses, com o Conselho de Jornalismo. O bote falhou, mas era preciso defender o caixa dois santificado. E veio a mentira da conspiração jornalística. Enxergando e discorrendo sobre fantasmas, Chaui serve ao governo que pratica pequenos golpes (incluindo os de Estado) na compra de parlamentares para conseguir leis favoráveis ao Palácio do Planalto. Antes de apresentar aparições como realidade e construir um sistema paranóico para agradar os ouvidos do "Iluminador" ("quando Lula fala, o mundo se ilumina e tudo se esclarece"), a especialista na ética espinosana deveria se precaver: "É preciso muita cautela para não admitir como verdadeiro o que é apenas verossímil, porque, admitida uma só proposição falsa, uma infinidade virá a seguir" ("Carta a Hugo Boxel").

Roberto Romano 59, filósofo, é professor titular de ética e filosofia política na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e autor de, entre outras obras, "Moral e Ciência - A Monstruosidade no Século 18" (ed. Senac/São Paulo).