domingo, 29 de março de 2009

Revista Veja.

Internacional

Crise financeira

Mais um trilhão pela salvação

29 de março de 2009


O governo dos Estados Unidos anunciou, na semana passada, sua disposição de despejar na economia mais 1 trilhão de dólares em dinheiro público. Pela reação dos investidores, há chances reais de o programa representar o início do fim da crise: as bolsas encerraram a semana em alta, e boa parte das ações já acumula ganhos neste ano. Economistas do mundo acadêmico, no entanto, ainda continuam céticos e acreditam que há uma série de mazelas a ser sanadas antes que a economia se recupere plenamente.

O fato de um resgate no montante de 1 trilhão de dólares não ser, talvez, suficiente para recuperar o sistema financeiro dá a dimensão do tamanho do enrosco em que os americanos se atolaram. Mas esse novo trilhão é apenas mais um somado a outros tantos já despejados desde o final de 2007, depois do estouro da bolha financeira. No total, a operação anticrise do governo americano já atinge 10 trilhões de dólares, na forma de injeção de capital nos bancos, resgate de empresas falidas, garantias e projetos de investimento em infraestrutura.

O novo pacote de saneamento financeiro foi desenhado para atrair os investidores privados a comprarem os ativos problemáticos dos bancos - em geral, toda uma papelada emitida tendo como lastro títulos hipotecários que agora viraram pó. O governo entrará com altos subsídios, sem os quais ninguém estaria disposto a entrar nesse negócio.

Para o estrategista-chefe do Banco West LB, Roberto Padovani, o pacote é "o melhor que poderia ter sido feito dadas as atuais restrições dos Estados Unidos". Segundo Padovani, a medida afasta a ideia de nacionalizar o sistema financeiro, o que seria muito complicado, custoso e ineficiente. "E também acalma um pouco o clima político, pois é mesmo difícil explicar à população a necessidade de usar recursos públicos para ajudar um banco, e não uma empresa".

Para o filósofo Roberto Romano, da Unicamp, o mundo viu acontecer algo alertado pelos pensadores desde a Grécia Antiga: a irracionalidade e os excessos que derivam de uma relação distorcida com o dinheiro, contaminada pelas paixões humanas. Segundo o professor, quando isso acontece, o conselho da filosofia é que se invoque rapidamente a razão para controlar os excessos: "Platão afirma que o relacionamento da alma com as paixões tem de ser despótico". Se a história serve de alento, bolhas sempre são seguidas de pânicos financeiros e crise, mas cedo ou tarde o mundo das finanças recobra sua racionalidade.

Leia a reportagem completa em VEJA desta semana (na íntegra somente para assinantes).